sábado, 23 de agosto de 2008

Agora a sério...


Ainda se lembram da primeira vez que viram um Lamborghini ao vivo? Aquela sensação de "Uau!" e com os olhos mais abertos que o gato do Shrek? Nós também nos lembramos. E para nos lembrar do rapazinho de 8 anos que há em cada um de nós, vamos a todas as edições do Salão Internacional do Automóvel e do Motorclássico. Mas o que acontece quando queremos algo crescido, distinto e confortável para as costas? Bem, eu ainda não cheguei lá, e pelos vistos o David com a sua fantasia de Lawrence da Arrábida e paixão pelos Land Rover também vai demorar um pouco. O Duarte não está mais perto, pois se ele fosse mais velho as curvas num Lotus Elise de certeza que lhe desmontavam a coluna vertebral. Mas e se tivéssemos mesmo de pensar num futuro de horas de viagens de negócios e férias e... Erm... Golf?

Bem, se calhar golf não. Mas e que tal algo que fique bem no estacionamento do Fairmont de Monte Carlo? Algo que diga mais do que "crise de meia idade"? O problema é que é preciso escolher com muito cuidado. Eu mostro-vos.


Um Aston? Não. Os futebolistas quase que estragaram a imagem. Pensam que o bom gosto se encomenda de uma fábrica em Gaydon, depois trocam as jantes por algo que até um rapaz de 11 anos que jogue Need For Speed acharia feio.

Um BMW 760i? Vá, vocês têm melhor gosto que isto! Infelizmente o Sr. Bangle continua a borrar a pintura para os verdadeiros fãs dos BM's como o magnífico E39 M5.

Um Audi A8? Quem é que pensam que são, o Jason Stathan num filme de acção? Antes o BMW que este Volkswagen glorificado.

O Volkswagen Phaeton? Sim, é confortável, é rápido... Mas por mais que digam a vós próprios que não escolhiam o Bentley Continental GT, sabem que no fundo o emblema conta muito. Mesmo.

Ferraris? Lamborghinis? Maseratis? Zondas? Nem falem neles!

Nada disso. Os únicos carros que podem considerar sem parecerem o Peter Stringfellow são os que, embora melhores que os anteriores, se vêem muito menos. E há uma razão para isso. São um gosto adquirido, requerem um paladar apurado, um nariz de sommelier. Como por exemplo o Bentley Brooklands e o Mercedes CL 600.

O mais provável é que quando virem algum destes carros na rua, se olharem para o volante vão ver um tipo nos seus 60 anos, com alguns cabelos brancos no que outrora fora uma farta cabeleira e um relógio cujo nome practicamente ninguém sabe pronunciar no pulso. Mas olhem bem para ele. Está vestido como um tipo de 30 anos? Não. Ali está um homem que amadureceu, mas não perdeu o contacto com a realidade. Sabe que está mais velho, e que não tem idade para brincadeiras juvenis... Mas que gosta de brincar com o pé direito de vez em quando!

Comecemos pelo Bentley. Senhores, estejam descansados. Neste o Cristiano Reinaldo nunca vai tocar. Nunca. É demasiado quadrado, demasiado grande e demasiado imponente. Ele iria assustar as tipas que estava a tentar engantar se aparecesse ao volante do que é um bom pedaço da Grã-Bretanha com rodas. O Brooklands é um colosso de quase 5 metros que faz os 0-100 km/h em 5 segundos. Isto porque se descerem dois deques até à casa das máquinas encontram o V8 6.75 l com dois superchargers, o que leva o Bentley "Ark Royal" até aos 296km/h com a ajuda de 530 cv e uns estonteantes 1050 Nm. Se não conseguem ter noção do que são 1050 Nm, imaginem a força que é precisa para mover a terra sobre o seu eixo. Agora dividam por dois. Mais ou menos isso.





O HMS Brooklands. Bem-vindo abordo.



Os interiores não ficam atrás. Mais luxuoso que o quarto de um magnata do petróleo, e três vezes mais bonito. Madeira e couro até perder de vista. Mas nunca overstyled. Conforto? Digamos que mesmo se tiverem o pior caso de hemorróidas na história da medicina vão sentir-se confortáveis. E depois há o pormenor de um pequeno botão Sport. Num Bentley? Sim. Aqui entra a parte da diversão do pé direito do Lord Cabelos-Brancos. E essa também a há aos molhos.


Mas há um senão. De facto há mais se o vosso orçamento apenas chegar para, digamos, um Hyundai Accent, o L123 ou um par de ténis desconfortáveis. Para além do preço - que não vou mencionar porque roça o obsceno e os jovens leitores não devem ser expostos a tal coisa - temos a exclusividade. Apenas 550 exemplares. E se virem bem, são apenas mais 50 que o eróticamente lindo Alfa Romeo 8C. O que me leva ao segundo carro que vos quero mostrar.


Sim, é feito pelos alemães. E eles perderam duas guerras seguidas. Mas no que toca a por tudo no sítio, são os tipos ideais. Afinal, o Bentley é montado por mãos pagas com dinheiro VW. Mas o CL é mais do que apenas uma banheira cara e mole. É um carro a sério.


Se não fazem ideia de como é estar ao volante de um CL eu posso dizer-vos. Imaginem um Classe S. Agora soldem-lhe as portas de trás. Cuidadosamente retirem o pilar B e adicionem espaço à frente e habitabilidade. Mantenham o conforto. Aqui têm. Tive o prazer de viajar num anterior CL 500 e é um dos carros mais confortáveis em que já estive. O que me entreteve realmente foi o ajuste dos bancos que os levavam a moldar-se às nossas costas perfeitamente, tal como a experiência que tive com o Classe S.





À vontade até na pista. O CL600 é simplesmente espectacular.




O anterior CL não é a coisinha mais bonita, e o CL 500 não era exactamente o mais potente, mas acreditem que aquele V8 é espectacular. Em autoestrada a única pista que temos em relação à velocidade (melhor, ao excesso dela) é a paisagem a passar mais depressa e a sensação que vamos chegar adiantados. O actual CL é um melhoramento deste, e bem mais bonito.



De perfil conseguem ver o estilo que transborda a pingar pelo escape.




Aquelas linhas manhosas do anterior desapareceram. Desta vez temos a sensação de estar perante um automóvel desenhado de raíz. E as linhas modernas funcionam melhor aqui do que em qualquer BMW (Bangle, esta é para ti). A performance melhorou, especialmente no derradeiro CL - o 600.



O interior do CL 600. Erm... Esperem. Não.


Muitos fãs AMG estarão a gritar "blasfémia", mas vamos ser honestos. Para o Lord Cabelos-Brancos, que já sofre das costas em dias chuvosos e cujo joelho dá problemas não vai querer o CL 65 AMG. O 600 é mais que suficiente - e como não é AMG os futebolistas não lhe vão estragar a festa. O seu V12 bi-turbo de 5.5 litros e 517cv - o mesmo que os carolas da Mercedes "enfiam" no Maybach - deixam qualquer azeiteiro ao volante de um Subaru que os queira humilhar... Bem, humilhado. E este carro voa, e como todos os bons Mercs, é melhor apreciado com uma boa caixa automática - neste caso a sua de 5 velocidades. Nada de maluqueiras de DSG's aqui. Tal como o modelo anterior, é possível chegar a velocidades estupidamente altas sem grande esforço e mantendo a compostura. Os interiores seguem a linha do novo S, o que é ideal. Em conclusão, o CL 600 é o carro perfeito para uma garagem no Lago Como ou para uma noite em Monte Carlo. Uma obra prima. JN
Dados:
Bentley Brooklands
Motor: V8 6.75 l
Potência: 530 cv @ 4000 rpm
Binário: 1050 Nm @ 3250 rpm
Consumos (U/E/C): 28.8/14.1/19.5
Acelaração: 0-100 km/h em 5.3 s
Velocidade máxima: 296 km/h
Mercedes-Benz CL600
Motor: V12 5.5 l
Potência: 517cv @ 5000 rpm
Binário: 830 Nm @ 1900-3500 rpm
Consumos (U/E/C): 18.1/8.5/12.1
Acelaração: 0-100 km/h em 4.6 s
Velocidade máxima: 250 (limitada electrónicamente)